A realidade, às vezes, é cruel. Mas é preciso encará-la.

Publicado em
30 de Dezembro de 2020
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No final do ano de 2017, a respeito do ano que se aproximava, ano de eleições presidenciais, eu escrevi um artigo intitulado: “Em 2018 votar é preciso. Votar bem é imprescindível”. E mais: que também era preciso evitar o radicalismo, tão ao gosto dos petistas que estavam no poder: “nós e eles”. 
 
Com a certeza de que a Democracia ainda era (e ainda é) o único regime político no qual a correção de rumos é feita pela vontade da maioria, minha conclusão, baseada no simples fato de não termos uma classe política confiável (1), era a de que a saída para nossos problemas dependia única e exclusivamente de nós mesmos. E citei frase da professora Betânia Tanure (Valor de 22.12.17), que vale à pena relembrar: “vivemos um tempo em que a única saída passa pelos homens e mulheres de bem, que precisam por suas competências a serviço de uma causa maior, uma causa que oriente a ação do indivíduo, das empresas e do País”. 
 
Naquele momento, até com certa euforia, posto que o Brasil havia saído de um processo de ‘impeachment’ razoavelmente bem, não havia qualquer expectativa de que as ‘coisas’ pudessem piorar. Bolsonaro não ‘existia’ no mundo político e a pandemia Covid-19 não era sequer imaginada.
 
Em diversos artigos que se seguiram, acreditando, como ainda acredito, que a causa maior a orientar todos nós seriam providências concretas para combater o desemprego (2) e a desigualdade (3), defendia a intervenção direta do governo para resolver esses problemas, posto que eram (e ainda são) evidentes seus cruéis impactos junto às classes menos favorecidas (4). Complemente-se que as repercussões negativas também impediam, objetivamente, o crescimento da economia, o desenvolvimento da sociedade e a estabilidade política.
 
Infelizmente, após uma campanha política na qual o ‘medo’ (5) foi o principal instrumento para fazer com que os eleitores fugissem da extrema e burra esquerda, e sem saber exatamente para onde, chegassem à extrema e burra direita, elegeu-se um político profissional que, como todos sabemos, não tem capacidade, competência e vontade para ser presidente do País (6). Não bastasse isso, ainda tem comportamentos obscuros, atrasados e que ignoram quaisquer problemas da população. À menos que, como diz Bolsonaro, as pessoas de bem no Brasil gostem de armas de fogo e de dirigir com regras de trânsito bastante ‘frouxas’ (7). 
 
Vale enfatizar: “trabalhando apenas para proteger sua família e a sua própria reeleição, os dois anos de (des) governo Bolsonaro podem assim ser resumidos: “fiasco na economia, desastre na pandemia e constante ameaça à Democracia” (Rolf Kuntz, Estadão de 27.12.20). E para piorar o que já era ruim, veio a pandemia.
 
É óbvio e evidente que a culpa pela péssima situação na qual se encontra o Brasil atualmente não é culpa apenas deste governo. Mas sem qualquer dúvida, é este desgoverno aquele que mais contribui para que tudo piorasse (8). Se está claro que o caminho está nas reformas (política, tributária, administrativa, de meio ambiente, de comércio exterior), na revisão dos benefícios aos mais privilegiados, no combate à corrupção e à violência, e na participação efetiva do Estado no provimento de políticas públicas sérias, está claro também que isso não ocorrerá neste mandato. 
 
Providências que aperfeiçoem o sistema democrático e a política, que diminuam o desemprego e a desigualdade, e combatam a corrupção e a violência não fazem parte da agenda do governo atual, que gosta de trilhar caminhos mais populistas e, sem dúvida, mais autoritários. Aliás, com relação ao Auxílio Emergencial (9), necessário sem dúvida, haverá uma oportunidade e tanto para o governo criar uma narrativa demagógica, tanto quanto perigosa se analisarmos sob o ponto de vista de desequilíbrio das contas públicas.  
 
Fica claro, portanto, que para o Brasil, a maioria dos países latino-americanos (10) e outros ainda menos desenvolvidos, a superação da crise, com retomada do crescimento econômico, do desenvolvimento da sociedade e da obtenção das estabilidades política e social, demorarão muito mais tempo se comparados com as sociedades que, além de serem melhor administradas, tomaram providências urgentes de combate à pandemia. Aqui, como todos sabemos, a pandemia é uma ‘gripezinha’ e a vacinação uma panaceia (esse pensamento também contagia (11). 
 
Ao mesmo tempo, é difícil para este governo entender que sem que se resolva o problema da pandemia, dificilmente serão resolvidos os problemas econômico, político e social deste País! Affonso C. Pastore foi claro a esse respeito (12) em artigo publicado recentemente no Estadão: “Mas meu propósito neste artigo não é expressar mais uma vez minha indignação pelo desrespeito do governo com a vida humana, e, sim, abordar como a elevada incerteza retarda a recuperação econômica”. E concluiu: “Com tal nível de incerteza, é literalmente impossível admitir que a retomada dos investimentos em capital fixo será uma força motriz da recuperação da economia em 2021 (grifos meus). A exemplo do ocorrido na saída da longa recessão iniciada em 2014, teremos de nos beneficiar da recuperação do consumo, que além da esperança nos efeitos de uma suposta e questionável “desova”, da assim chamada “poupança precaucional” terá de enfrentar os freios impostos pelo fim da ajuda emergencial a 66 milhões de pessoas, e uma elevada taxa de desemprego”.
 
Mesmo considerando que o noticiário sobre a vacina (também estamos atrasados nesse quesito) seja promissor, é preciso atenção para os enormes obstáculos a serem superados, tais como a necessidade de se produzir grandes quantidades, inclusive de seringas e de agulhas, e de toda a logística envolvida. E mais, pois à medida em que o coronavírus recrudesce, maiores exigências hospitalares vão sendo apresentadas (13), muitos países estão retomando seus programas de restrições e as previsões para 2021 começam a ser revisadas, infelizmente, no curtíssimo prazo, para ‘baixo’.
 
Já especificamente com relação ao cenário econômico brasileiro, há informações claras de que a recuperação não ocorrerá como previsto pelos mais otimistas, pois a desaceleração da produção vem sendo apontada pelos principais indicadores setoriais do IBGE. Exceto o setor de comércio exterior, que também não repetiu as taxas de períodos anteriores recentes, o mês de outubro teve queda no índice de crescimento da produção industrial (1,1% maior do que setembro é a menor taxa desde maio), menor crescimento do varejo e um setor de serviços com níveis menores do que aqueles obtidos antes da pandemia. Além disso, nosso ministro da Economia desapareceu e levou junto os planos e as reformas que transformariam o Brasil no País mais bem sucedido do planeta. Lembrete: nem orçamento para 2021 temos!
 
Por outro lado, pesquisa Datafolha realizada entre 8 a 10 de dezembro, por telefone, mostram quais são os problemas do País que mais afetam os brasileiros: Saúde, citado por 27% dos entrevistados; desemprego, 13%; crise econômica, 8%; corrupção, 7%; educação, 6%; política, 5%; violência, 4%; inflação, 2%; e fome, 2%. De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o principal ator para a retomada econômica do próximo ano é a China, pois além de ter sido o primeiro país a enfrentar o covid-19 foi o primeiro a sair da pandemia. As últimas informações apontam para um crescimento do PIB chinês de 4,9% no terceiro trimestre deste ano, e as projeções para 2021 são ainda mais otimistas. Já se projeta 9% de crescimento. Bom para quem exporta para esse País. Melhor ainda para quem mantêm boas relações comerciais e diplomáticas. Como se vê, de forma lamentável, é que nenhum dos itens citados faz parte da agenda deste governo.
 
É triste, mas o Brasil chega ao final de mais um ano perdido (14), vivendo a maior crise de sua história, com milhões de pessoas infectadas e milhares de mortos pelo Covid-19 (15), e sem governo, sem a reação das ruas e sem uma classe dirigente (16) que tenha a dignidade de tomar posições sérias, não se consegue impedir que pessoas despreparadas, ignorantes e atrasadas, e até de má-fé, levem o País a situações ainda piores. 
 
Como escreveu Luiz Felipe D’Ávila, fundador do Centro de Liderança Pública e do VirtuNews (Estadão 23.12.20), o Brasil precisa de “líderes transformadores”. E como escrevi em artigo publicado aqui mesmo no dia 06/06/2017, “O Brasil tem medo de ir ao dentista. Está ficando banguela”. Na verdade, o País precisa de líderes que façam o que precisa ser feito (17): reformas, enfrentamento aos interesses corporativistas e daqueles que se locupletam com benefícios e privilégios indevidos. Sem dúvida é preciso combater o déficit público, mas é preciso conciliar com políticas de combate à desigualdade e à geração de empregos. Como já escrevi, “Discutir o que é essencial para o bem do Brasil e dos brasileiros. Difícil, né!” (Guia do TRC do dia 02/11/20). Entender a proteção da Amazônia e de todo o meio ambiente brasileiro como necessário para desinibir o investimento estrangeiro, destravar ainda mais as exportações e se posicionar de forma relevante perante o mundo. 
 
Desculpem-me se este artigo de final de ano não traga o otimismo desejado, mas eu sempre acreditei que a solução de problemas somente poderá ser conseguida se o problema for detectado correta e transparentemente. Sem que se reconheça o que de fato está acontecendo, dificilmente saberemos o caminho a ser buscado. O dia 1º de janeiro de um novo ano é apenas a continuidade de tudo aquilo que foi construído até o dia anterior. Nada mais do que isso. Eu, sinceramente, também gostaria que fosse mais! 
 
(1) “A recuperação do Brasil é difícil por si só, mas se depender dos políticos será impossível” (artigo de P.R.Guedes, publicado no Guia do TRC dia 23/11/16);
 
(2) No terceiro trimestre de 2020, segundo dados do PNADc, a soma de desempregados (14,1 milhões), subocupados por tempo insuficiente de trabalho (6,2 milhões), desalentados (5,9 milhões) e força de trabalho potencial que não está trabalhando (12,9 milhões), chega a 39 milhões de brasileiros, ou seja, 18,4% da população total. E só de empregados sem carteira assinada, isto é, que não tem quaisquer direitos trabalhistas, temos mais 14,589 milhões. Observação importante: com relação às pessoas com mais de 14 anos (175,1 milhões), apenas 47,1% estão ocupadas (82,5 milhões) e 52,9% estão desocupadas (92,6 milhões);
 
(3) Pesquisa realizada pela FGV Social, mostrou que a renda individual do trabalho do brasileiro teve uma queda média de 20,1% e a sua desigualdade, medida pelo índice de Gini, subiu 2,82% no primeiro trimestre completo da pandemia. Recordes negativos, desde que se iniciaram essas medições em 2012. Medida até outubro deste ano, a renda oriunda do trabalho dos 50% dos brasileiros mais pobres caiu 27,9%, enquanto que a dos 10% de brasileiros mais ricos perdeu 17,5%. Principais grupos sociais que perderam com a crise: indígenas (-28.6%), analfabetos (-27.4%) e jovens entre 20 e 24 anos (-26%). 
 
(4) Números do Programa Mundial de Alimentos da ONU (sigla WFP, em inglês): das cerca de 821 milhões de pessoas que vivem em situação de insegurança alimentar em todo o mundo, 135 milhões passam fome. Em função da crise, mais 130 milhões estão sendo somadas às que passam fome. No Brasil a situação é tão ruim quanto, pois as informações dão conta de que, se em 2013 o percentual de domicílios com insegurança alimentar chegou a 22,6%, depois de ter chegado a 35% em 2004, atualmente caminha-se para percentuais maiores, como alerta o brasileiro Daniel Balaban, chefe do escritório brasileiro do WFP, As novas pesquisas mostram que já se chegou, em 2018, a 36,7%;
 
(5) “Com o ‘microtargeting’ comportamental, um termo registrado pela Cambridge Analytica (CA), eles podiam focar em indivíduos que compartilhavam traços de personalidade e preocupações comuns, e enviar para eles uma mensagem atrás da outra, ajustando e aprimorando seus conteúdos até que conseguíssemos atingir exatamente os resultados que desejávamos”, escreveu Brittany Kayser, ex-diretora da CA, em seu livro “Manipulados” (lançado no Brasil em 2020 pela Harper Collins);
 
“A empresa (CA) trabalhava com a premissa de que campanhas não estavam ligados aos fatos, mas aos sentimentos: “nosso trabalho é lançar um balde no fundo do poço – da alma das pessoas – para desvendar quais são seus medos e suas preocupações subjacentes mais firmemente arraigados, disse em certa ocasião, Mark Turnbull, diretor responsável pelo setor de campanhas eleitorais” (trecho do livro Manipulados, aqui já citado). 
 
Segundo reportagens do “The Observer”, em março de 2018 a CA teria roubado os dados de 87 milhões de pessoas na rede social para influenciar resultados das eleições no País. 
 
A CA (empresa criada em 2013 e controlada pelo grupo britânico SCL Group), e com participações acionárias da família de Roberto Mercer, norte-americano que administra fundos de investimentos e conhecido por suas posições ‘conservadoras’, ficou bastante conhecida em 2015, por ser responsável pela análise de dados e inteligência estratégica da campanha presidencial de Ted Cruz e, posteriormente, por ter trabalhado para a campanha de Donald Trump e para também para o sucesso do Brexit. Os trabalhos da CA, bastante criticados e com histórias de vazamentos de dados do Facebook, são objetos de várias investigações criminais nos Estados Unidos e no Reino Unido. Em maio de 2018 a empresa solicitou pedido de falência em Nova York;
 
(6) Pois é, foi preciso muita fé e boa vontade para acreditar que o senhor Bolsonaro pudesse fazer algo de bom como presidente. Em qualquer setor da atividade pública. A história das pessoas, mais do que discursos e palavras, indicam. Como escrito no artigo do Diretor de Opinião do Estadão, Antonio Carlos Pereira, dia 23 pp: “o mundo da irresponsabilidade generalizada” permitiu que se elegessem pessoas Bolsonaro, “bem como a eleição do prefeito Crivella e de outros tantos picaretas – todos empenhados em alimentar a avacalhação da democracia, pois disso depende sua manutenção no poder”.
 
(7) Bolsonaro só fala em armas, munições e direitos para policiais agirem sem controle. Jamais fez um discurso defendendo reformas. Exceto, é claro, quando leu algo escrito por outro em cerimônia oficial. Nos discursos de improviso – os que de fato revelam que é Bolsonaro, as posições extremadas e incorretas são claras: “Eu quero o cidadão de bem armado. Com o povo de bem armado, acaba essa brincadeirinha de ‘vai ficar todo mundo em casa que eu vou passear em Miami”; 
 
(8) O governo Bolsonaro fracassou: ainda sem partido (também fracassou na criação de um partido político ‘particular’), errou na tentativa de uma intervenção militar, ficou mais vulnerável com a prisão do Fabrício Queiróz, com a divulgação da reunião ministerial de 22/04 e as descobertas sobre a ABIN, acabou com as políticas de Meio-Ambiente, com a Política Externa, com a Lava-Jato (Aras, Kássio, Centrão e os políticos corruptos que o digam), interviu na Política Federal do Rio de Janeiro (tirou Sergio Moro) e não tem um Programa Econômico digno do nome. Assim como se aproveitou do Auxílio Emergencial (o protagonismo foi do Congresso Nacional), perdeu-se com Trump. Observação: como escrito no Editorial do Estadão do dia 26 pp: “Mais Congresso, dividido e sem convergência, e menos governo, só é bom em um sistema Parlamentarista, mas péssimo no Presidencialismo”.
 
E depois de negar a pandemia e posicionar-se contra a vacina, aproveitou-se da pressão feita pela sociedade para lançar um ‘plano de vacinação’ que não passaria pelo ‘crivo’ honesto de qualquer profissional do setor. Além do que, diga-se de passagem, o ‘plano’, lançado com ‘pompas’, foi imediatamente desacreditado pelo próprio presidente, que continua sendo contra a vacinação. 
 
(9) Não há dúvida que o Auxílio Emergencial, à partir de abril deste ano foi um dos principais – se não o principal – fatores de retomada econômica, quando o consumo das famílias ativou o mercado interno brasileiro. Mas, adicione-se a isso, também ativou a inflação, com consequente diminuição do poder de compra de grande parte dos brasileiros. O que ocorrerá, a partir de 2021, quando se encerra o Auxílio Emergencial é, sem dúvida, gerador de grandes incertezas para todos.
 
(10) Como escrito no Editorial do Estadão deste último dia 27, a “Democracia latino americana na enfermaria”. Estudo sobre o Estado da Democracia na América Latina, do Institute for Democracy and Electoral Assistance, lista os principais riscos da democracia latino-americana: “adiamento de eleições; uso excessivo da força nas quarentenas; uso das Forças Armadas em tarefas civis; delinquência e violência persistentes; riscos ao direito à privacidade; acentuação das desigualdades de gênero e violência doméstica; novos riscos aos vulneráveis; acesso limitado à justiça; restrições à liberdade de expressão; abuso dos Poderes Executivos; supervisão parlamentar reduzida; choques entre instituições; novas oportunidades para a corrupção; e um eleitorado descontente com as formas tradicionais de representação política”.
 
“O Brasil ilustra vários desses sintomas: a superlotação de militares nos gabinetes executivos; surtos de violência na disputa entre narcotráfico e milícias; ataques verbais de autoridades (a começar pelo presidente) aos meios de comunicação; enfrentamentos entre os Três Poderes e entre o governo federal e os subnacionais na implementação de medidas sanitárias; e indícios de corrupção na compra de equipamentos e medicamentos”;
 
(11) O Datafolha, entre 08 e 10 de dezembro, com respeito à vacinação contra o Covid-19 fez três perguntas aos entrevistados: 1ª) disposição em tomar o imunizante, 2ª) obrigatoriedade da vacina, e 3ª) percepção sobre seu país de origem. Resultados: 1ª) antes eram 89% aqueles que se tomariam a vacina, agora são 73%; 2ª) 56% disseram que a vacina deve ser obrigatória, não 43%, e não sabe 1%; 3ª) Não tomariam vacina chinesa, 50%, 3% são sabem e 47% tomariam (reportagem de Gabriel Zanlorenssi e Lucas Gomes, publicada na Folha dia 22 pp).
 
(12) Em seu artigo “O grau de incerteza na economia” (Estado de 20.12.20), o economista e ex-presidente do Banco Central, Affonso C. Pastore, foi taxativo: “Não basta que existam vacinas com eficácia comprovada. Para salvar vidas e restabelecer a normalidade da economia, é preciso vacinar 100% da população no prazo mais curto possível (grifos meus). Infelizmente, em vez de agir com rapidez e eficiência, reduzindo o número de mortes e a incerteza, o governo se comporta como se o problema não existisse”. “De fato, além de prolongar a crise sanitária a ausência de um plano eficiente de vacinação expõe a economia a nova desaceleração, aumentando a pressão para que ocorram mais gastos e aumente o desemprego, fechando-se um círculo vicioso que precisaria ser rompido”;
 
(13) Estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas (FGV DAPP) sobre a desigualdade na presença de respiradores/ventiladores no território brasileiro identificou que 43,3% da população brasileira mora em municípios que apresentam alguma característica de vulnerabilidade de equipamentos em relação à Covid-19. Dados obtidos foram levantados a partir do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), no início da pandemia. Em fevereiro deste ano, 65.411 equipamentos, incluindo tanto os do SUS quanto os da rede privada, estavam cadastrados, indicando 31 equipamentos para cada 100 mil habitantes no Brasil. O levantamento também mostra que as áreas mais vulneráveis em termos de leitos de UTI e respiradores/ventiladores também possuem, na média, uma menor proporção de médicos e fisioterapeutas a cada 100 mil habitantes. Principalmente nos estados do Norte e do Nordeste;
 
(14) “Houve condição favorável para reformas em 2019 e 2020”, escreveu o Estadão em seu editorial do dia 18.12.20 (“Oportunidade histórica perdida”). E concluiu: “Ao mesmo tempo, é também inegável a constatação de que o governo de Jair Bolsonaro conseguiu a proeza de desperdiçar acintosamente essa raríssima oportunidade”, pois “houve, assim, nos últimos dois anos, um fenômeno um tanto único no Congresso. Em um mesmo período, deu-se a coexistência de dois fatores especialmente positivos: (a) deputados e senadores, em sua maioria, dispostos a apoiar as reformas; (b) presidência da Câmara extremamente hábil na coordenação e tramitação desses projetos. A ocorrência de um desses fatores já é difícil; a dos dois juntos, oportunidade histórica”;
 
(15) Até o dia 28.12.20 já são 191.570 mortos e 7.504.833 infectados. A continuar nesse ritmo, sem as precauções necessárias e com protelação da vacina, as previsões indicam que antes do mês de março do ao que vem o Brasil poderá ter mais, lamentavelmente, cerca de 220 mil mortos e mais de 9,5 milhões de infectados;
 
(16) “Sem lideranças capazes é impossível alcançar patamares altos de desenvolvimento”, e “Classe dirigente e a falta de compromissos com o País”, foram os títulos de dois artigos por mim publicados no Guia do TRC, respectivamente dias 03/10/2016 e 16/07/2018.
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