Entregadores de aplicativos pedem a Rodrigo Maia leis para melhorar remuneração da categoria

Publicado em
09 de Julho de 2020
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Representantes de movimentos de vários estados sugeriram ao presidente da Câmara tabela de frete, equipamentos de proteção e fim de pontuação

Representantes de vários estados do movimento de entregadores de aplicativos que reivindicam melhores condições de remuneração e de trabalho se reuniram por videoconferência com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), nesta quarta-feira. A iniciativa da reunião foi da bancada do Psol na Câmara.

Os principais pontos abordados foram sugestões como: a fixação de uma tabela de preço do frete para todos os apps; aumento da taxa mínima das entregas; o fim dos bloqueios e desligamentos de forma injusta e sem justificativas; e a criação de uma legislação específica para a categoria.

Além disso, no cenário de pandemia, em que os serviços de entrega se mostraram responsáveis por um serviço essencial, motoboys e ciclistas denunciaram não ter recebido equipamentos de proteção individual das empresas, tendo que arcar com máscaras e álcool gel por conta própria.

Por isso, eles pediram ao Legislativo a implementação de um auxílio-pandemia com licença remunerada em caso de o entregador ser afastado em decorrência de Covid-19.

Ralf Alexandre, de 41 anos, entregador do Rio de Janeiro, reclamou de os aplicativos bloquearem trabalhadores como uma forma de punição sem explicar os motivos:

— Nada nos é comunicado. Não sabemos como funciona a remuneração, nem se o aplicativo fica com alguma parte da gorjeta dada pelos clientes através da plataforma.

E acrescentou:

— Quando eles chegaram, pagavam cerca de R$ 4 por quilômetro rodado. Agora, segundo nossas estimativas, o valor chega a R$ 0,60.

Abel Santos, de 28 anos, entregador de aplicativo em Brasília, criticou o baixo valor pago por corrida:

— Não sabemos quanto ganhamos pelo tempo, pelo quilômetro ou pela entrega. Tem corrida em que o entregador ganha apenas R$ 3. Por isso, tem que fazer carga horária de 10 a 15 horas e, ainda assim, voltar para casa com menos de R$ 70 no dia. Isso porque temos gastos com manutenção do veículo, combustível, nossos lanches e ainda temos que comprar a bag, que custa entre R$ 80 e R$ 150.

E concluiu:

— Ganhamos menos que um salário mínimo para trabalhar o dobro!

A comunicadora Marcela Geoffroy, de 32 anos, também esteve presente na reunião, representando a sociedade civil. Segundo ela, Rodrigo Maia se mostrou receptivo às demandas. Foi solicitado o destaque de um consultor legislativo para ajudar a fazer um estudo sobre o segmento.

— Somos cerca de 10 milhões de usuários únicos mensais desses aplicativos e estamos insatisfeitos com a forma com que é conduzida essa relação de trabalho. Diante dos relatos dos entregadores, podemos crer que eles vivem uma situação análoga à escravidão - afirmou Marcela.

Em abril de 2019, os registros de entregadores em aplicativos chegou a 5,5 milhões de trabalhadores, número que cresce em paralelo ao aumento do desemprego no país.

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