O relator da MP na comissão mista do Congresso, o deputado governista Osmar Terra (MDB-RS), disse ontem ao Valor, porém, que não abrirá mão de manter a obrigatoriedade do cumprimento dos valores mínimos estabelecidos para empresas que contratam o serviço junto a transportadores.

Terra é radicalmente contra uma tabela apenas facultativa, medida já proposta pelo deputado ruralista Arnaldo Jardim (PPS-SP) por meio de emenda.

Para Blairo Maggi, o mercado de fretes deveria continuar livre, ainda que, como membro do governo, o ministro não queira bater de frente com a MP editada pelo presidente Michel Temer.

“Mas precisamos chegar a um entendimento sobre preços de partida. O que está acontecendo neste momento é que não estamos chegando a um valor técnico e estamos discutindo um valor arbitrado pelos motoristas”, disse o ministro, que hoje participou de audiência pública no Senado sobre a crise da BRF.

Em meio à indefinição sobre os fretes, lembrou o ministro, os impactos sobre o agronegócio aumentam a cada dia. Segundo dados repassados por representantes do setor ao Ministério da Agricultura, os prejuízos podem chegar a US$ 23.8 milhões em multas a serem pagas por empresas exportadoras.

Isso porque há cerca de 60 navios contratados, mas parados nos portos brasileiros já há 11 dias, aguardando cargas de grãos e derivados que não chegam por causa das negociações travadas com transportadores rodoviários.

“O problemas é que muitas empresas exportadoras, como a BRF, por exemplo, não estão conseguindo formar preços para o futuro. Temos de ter um pouco de paciência e não há previsão para uma solução. Gostaria que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) definisse uma nova tabela para destravar o país”, declarou, em referência à iminente divulgação de uma terceira versão da tabela de fretes pelo governo.