Artigo - A calendarização da expedição como uma saída para cenários de baixa demanda*

Publicado em
03 de Novembro de 2016
compartilhe em:

Em épocas de baixa demanda, a dificuldade em manter produtividade do transporte aumenta consideravelmente. Os reflexos imediatos são observados nos indicadores de atendimento aos clientes e nos custos logísticos.

Com a baixa demanda o custo da entrega aumenta, pois as rotas precisam consolidar  entregas entre regiões mais distantes para garantir uma boa ocupação

Um dos efeitos naturais de cenários de baixa demanda é realizar rotas de distribuição em regiões distantes umas das outras para garantir a ocupação mínima dos veículos. Elevando bastante a parcela variável do custo de transporte. Para empresas e transportadoras que fazem distribuição multi-entregas de longa distância esse efeito é ainda maior, fazendo com que o custo da entrega absorva grande parte da margem da venda. Se esse é o seu caso, o processo de calendarização pode ser uma ótima saída!

O princípio da calendarização é relativamente simples, as entregas são consolidadas por região geográfica e uma frequência de visitação é estipulada baseada no volume de cada região, garantindo assim a produtividade da frota.

Esse método é indicado para pedidos  fracionados que não possuem agenda de  entrega programada

No caso de carga fechada (lotação), a programação não precisará entrar na calendarização, uma vez que não é necessário consolidar carga.

O ponto central é calcular a frequência de visitas de cada região que otimize os custos e atenda as restrições de prazo de entrega.  Essa estimativa irá depender de alguns pontos chave: quantidade e perfil de pedido histórico por região, lead time de atendimento esperado, capacidade de expedição e perfil de frota disponível.

Exemplo ilustrativo de definição de frequência por região

Para começar a estudar um modelo de calendarização para a sua empresa, será necessário considerar 3 pontos:

1) Volume médio por região geográfica

Ter informação da demanda histórica por região (volume e perfil de pedido médio) é crucial para calcular a necessidade de capacidade de transporte. O horizonte de tempo é de pelo menos 3 meses de dados, para que o resultado final seja melhor modelado em relação à realidade.

2) Alinhamento dos prazos de entrega com a área comercial

A calendarização não é só matemática, a implantação de uma política de atendimento via calendarização impacta significativamente a área comercial, uma vez que o prazo de entrega irá depender do calendário de expedição.

No entanto, com uma boa sinergia entre a área comercial e a logística, o calendário de visitas poderá ser sincronizado com o de expedição, reduzindo muito o lead time médio de entrega.

3) Balanceamento do volume de expedição

O volume de expedição deverá ser distribuído de forma homogênea ao longo do mês para não sobrecarregar a área de expedição. A flutuação natural da demanda e o volume de expedição que não passa pelo processo de calendarização devem ser consideradas para que haja um balanceamento efetivo da expedição.

A calendarização não depende apenas da área logística, mas sim da integração de diversas áreas de forma a garantir o lead time total de atendimento (liberação do pedido, produção, programação e expedição). Dessa forma, a implantação da calendarização deve ser realizada em fases, começando com um teste piloto em uma região e ajustando o processo até que esteja estabilizado.

Os benefícios após a implantação poderão ser medidos em um curto espaço de tempo, sendo que o maior impacto estará na maior confiabilidade do lead time redução do custo de entrega.

* Caio Reina é CEO & Co-founder at RoutEasy

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.