NTC&Logística prevê quebra de transportadores de carga por defasagem do frete

Publicado em
27 de Fevereiro de 2015
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A crise pela qual passa o setor de transporte rodoviário de cargas do Brasil, evidenciada pelo protesto dos caminhoneiros que bloqueiam estradas em vários Estados, deverá resultar na falência de muitas transportadoras, previu uma associação do setor nesta quinta-feira.

A NTC&Logística, que tem cerca de 3.500 empresas de transporte de carga e mais de 50 entidades patronais associadas, contudo, avalia que a quebra de empresas irá no futuro equilibrar as contas do segmento, hoje deficitárias, e a oferta de caminhões no país.

A entidade aponta a diferença entre o preço do frete e os custos efetivos da atividade como um dos principais problemas por trás da crise. Pesquisa divulgada pela NTC nesta quinta-feira calcula que a defasagem média entre o frete e o custo está atualmente em 14,11 por cento.

De acordo com a NTC&Logística, a diferença entre o custo e preço do frete tem origem, principalmente, na inflação dos insumos que compõem as despesas, incluindo o recente aumento do preço do diesel, bem como as defasagens de frete que vêm se acumulando ao longo dos últimos anos. Mas também tem relação com a má administração de custos conduzida por muitos empresários e caminhoneiros.

"O problema é (também) a ignorância de boa parte do setor de transporte com relação aos custos", disse à Reuters Lauro Valdivia, assessor técnico NTC&Logística. "Se boa parte dos empresários não sabe o custo, como vai resolver o frete?", questionou.

A NTC&Logística afirma não estar apoiando as atuais manifestações de caminhoneiros e não esteve presente nas negociações do setor com o governo federal nesta semana.

O frete barato, acrescentou Valdivia, também pode ser explicado pelo crescimento da frota de caminhões do Brasil, impulsionada por financiamento subsidiado oferecido pelo governo federal, e a própria crise econômica pela qual passa o país.

Se o país estivesse crescendo, observou o especialista, a situação seria resolvida mais facilmente, porque os contratantes não teriam tanto problema em pagar mais pelo frete.

"Mas está em um momento em que a economia não favorece recomposição de nada, o contratante também precisa reduzir o custo, porque o mercado também caiu", explicou.

Ele apontou ainda que um dos setores com frete mais defasado é o do agronegócio.

"Há três anos, quem estava reclamando eram os embarcadores (contratantes) em Mato Grosso. O frete subiu 40 por cento (naquela época) e tinha gente brincando que até médico estava comprando caminhão (para transportar grãos)", afirmou o especialista, lembrando que as cotações das commodities agora estão mais baixas, afetadas por grande safras globais, incluindo do Brasil.

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