Petrobras precisa de 13 meses para recuperar perda com combustível

Publicado em
26 de Janeiro de 2015
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Mesmo vendendo no Brasil gasolina 69% mais cara do que no exterior e óleo diesel com 53% de sobrepreço, a Petrobras vai demorar 13,3 meses para recuperar as perdas que amargou ao vender combustíveis mais baratos no país nos últimos quatro anos.

O cálculo, feito a pedido da Folha, é do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e considera as condições de mercado do dia 12: os preços praticados nas refinarias no Brasil e no golfo do México (referência internacional), sem impostos, e a taxa de câmbio naquela data.

De janeiro de 2011 –quando os preços nacionais começaram a ficar mais baixos do que os internacionais– a outubro de 2014, a estatal deixou de embolsar R$ 57,28 bilhões ao vender, no mercado interno, combustíveis a valores menores que os praticados no exterior.

Em novembro, no entanto, a situação se inverteu. A cotação do petróleo despencou, levando junto o preço dos combustíveis no exterior. No Brasil, eles permaneceram iguais e, após anos subsidiando o consumidor, a Petrobras passou a ter lucro com a venda dos combustíveis.
Em novembro, ela teve um ganho de R$ 355,8 milhões, segundo o CBIE. Mas, considerando os preços praticados em janeiro, esse ganho já poderia ser estimado em R$ 4,3 bilhões mensais, em média.

Há espaço para a estatal absorver o aumento dos impostos sobre os combustíveis anunciado na segunda (19) e não repassar essa alta para o consumidor, que pagará pelo menos 8% a mais pela gasolina a partir de fevereiro.

Caso a companhia decidisse absorver a elevação dos tributos, o ganho mensal continuaria. Mas, segundo cálculos do CBIE, esse ganho teria uma redução média de cerca de R$ 1,3 bilhão por mês.

Com problemas de caixa e acesso restrito ao mercado de capitais, a companhia já avisou que não vai incorporar o aumento de PIS/Cofins e o retorno da Cide, mantendo "inalterados" os preços que recebe pelos produtos.

"A Petrobras foi muito maltratada nos últimos quatro anos, com uma média de 20% de defasagem. Se a Cide volta para a Petrobras, ela teria muita dificuldade para fechar o caixa e teria de reduzir drasticamente os investimentos para enfrentar sua dívida", diz Adriano Pires, diretor do CBIE. A dívida da estatal é de cerca de US$ 110 bilhões.

NO BOLSO

A diferença entre os preços praticados no Brasil e no exterior é tão grande que, mesmo se a Petrobras decidisse absorver o aumento de impostos, o preço da gasolina nas refinarias brasileiras ainda estaria 43% maior do que nas refinarias americanas. Mas teria uma queda significativa ante os 69% atuais.

No caso do diesel, o sobrepreço também cairia, de 53% para 39%. O aumento de impostos vai adicionar R$ 0,22 ao preço na refinaria por litro de gasolina e de R$ 0,15 por litro do óleo diesel.

"Não é justo com o consumidor, porque não foi ele quem pediu para ter gasolina barata enquanto ela estava mais cara no resto do mundo", afirma Pires. Ele reconhece, no entanto, a necessidade de permitir maiores ganhos da Petrobras para corrigir os erros do passado.

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