Motocar tenta criar mercado de triciclos para transporte de cargas

Publicado em
22 de Abril de 2014
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Triciclos têm preços, enquadramento tributário e regras de trânsito similares aos de motos. A primeira fabricante desse veículo no Brasil prefere, porém, compará-lo a pequenos utilitários como a Fiorino, furgão da Fiat, e a Saveiro, picape da Volkswagen. Nessa faixa, entre a versatilidade das motos e a capacidade de carga dos utilitários, a Motocar, empresa instalada em Manaus (AM), pretende criar um novo mercado dentro da indústria automobilística nacional.

Motos são baratas, mas têm limitações no transporte de produtos. Em furgões e picapes, é possível carregar quase tudo, mas a um preço que pode ser alto se o carro não tiver muito o que levar. Nesse caso, o triciclo, se equipado com cabine para passageiros e caçamba ou um baú na parte traseira, surge como alternativa de melhor custo ao transporte, em curta distância, de poucas mercadorias.

Essa é a solução proposta pela Motocar. Aproximadamente 80% dos triciclos da montadora, que custam cerca de R$ 14 mil, são usados no transporte de cargas. Os clientes vão desde pequenas empresas como lavanderias, restaurantes e supermercados de bairro a um grande distribuidor da Coca-Cola em Belém, no Pará.

O veículo, segundo diretores da empresa, também já foi testado por gigantes como a Brasil Foods (BRF) e a distribuidora Martins, assim como carrega botijões de alguns franqueados da Ultragaz.

A conta mostrada pela Motocar para convencer essas empresas é sedutora. Enquanto uma Fiorino "cobra" 60 centavos por quilômetro rodado, o custo num triciclo é estimado em apenas 17 centavos, levando-se em conta despesas com manutenção, combustível, depreciação, IPVA e licenciamento.

Apesar do discurso, os números da companhia ainda estão longe de saltar aos olhos. Neste ano, as vendas devem chegar a 1,2 mil triciclos e o faturamento a R$ 15 milhões. Mas o objetivo é triplicar isso - para 3,6 mil unidades e R$ 50 milhões - até 2017. "Estamos trabalhando para criar um novo mercado, o que não é uma tarefa fácil", diz o diretor Fabio Di Gregorio, da família fundadora da empresa.

Para chegar a esse patamar, a Motocar está ampliando a rede de concessionárias, desenvolve fornecedores locais e já entregou à Suframa, a superintendência da Zona Franca de Manaus, um projeto de R$ 50 milhões para a instalação de uma nova fábrica na região com capacidade instalada de 40 mil triciclos por ano.

Das 17 lojas atuais, a empresa quer abrir mais 13 pontos de venda até o fim deste ano, incluindo as primeiras concessionárias nos três principais mercados de veículos do país: São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, fechou parcerias com Bradesco, Banco do Brasil e o Banco Pan para financiar seus produtos.

Em outra frente, a montadora negocia com fornecedores de autopeças brasileiros para aumentar o índice de nacionalização dos triciclos, que, conforme informa a companhia, está em torno de 70%. "Estamos tentando desenvolver, por exemplo, um fabricante de chassi nacional", afirma Fabio Di Gregorio. Outros componentes ainda são importados de países como Argentina, Peru, China e Coreia do Sul.

A ideia de nacionalizar os tuk-tuks - como são conhecidos esses triciclos, populares em países asiáticos, como a Índia - surgiu em 2009 como aposta do empresário da área de logística Franco Di Gregorio. Após dois anos de homologação, a Motocar lançou o produto durante o Salão Duas Rodas, principal feira do setor, de 2011. Nesse período, executivos de montadoras de automóveis e de motocicletas, como Nissan e Harley-Davidson, foram contratados para desenvolver o novo negócio.

A produção começou em um canto do galpão de uma das transportadoras de Gregorio em Manaus. Hoje, todo o espaço desse galpão já é ocupado pela Motocar e a empresa se prepara para o próximo passo: instalar uma fábrica própria numa área de 70 mil metros quadrados num distrito industrial que está sendo criado pela Suframa em Manaus.

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