Rei da Soja planeja construir terminal no Pará em dois anos

Publicado em
20 de Agosto de 2012
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Eraí Maggi, um dos maiores produtores de soja do Brasil - se não o maior -, espera ter seu próprio terminal de grãos no porto de Santarém, no Pará, em pouco mais de dois anos.

Essa é a expectativa atual do empresário, considerados os prazos para que ocorram todos os processos necessários - desde licitação de área no porto à obtenção de licença ambiental.

Para o negócio do Grupo Bom Futuro, comandado por Maggi e cuja localização é o estado do Mato Grosso, a estrutura desafogará os gargalos logísticos que resultam da ineficiência estrutural do país.

Questão, aliás, histórica e que leva empresas a deixarem de ganhar US$ 5 bilhões por ano, estimam produtores. Escoar a produção do Mato Grosso via Norte trará enorme vantagem em termos de custos.

Assim que as obras na BR-163 estiverem concluídas - a expectativa do governo federal é 2013 - a distância percorrida entre municípios produtores e portos poderá encolher cerca de mil quilômetros. Enquanto o trajeto a partir de Sinop (MT) até o porto de Santos soma 2,5 mil quilômetros, do mesmo município até Santarém a distância cai para 1,4 mil quilômetros.

"Precisamos exportar pelo Norte para ter custos menores", disse Eraí Maggi em entrevista ao Brasil Econômico.

"Só que nesse país tudo demora demais. Depois de ter licenças e passado todos os processos, levamos seis meses para construir o terminal. O problema é conseguir que as autorizações ambientais e todas as outras que são necessárias saiam."

"Muitas vezes, a gente tem que negociar com um monte de secretarias, Ibama, Funai, ninguém se entende. O Brasil tem uns dois ou três governos, é uma vergonheira o que acontece nesse país", desabafa.

"E tem mais: o preço da licença é quase o valor da obra."

Ansioso pelo início da licitação da área no porto de Santarém, que não deverá ocorrer antes de 13 de setembro - quando haverá reunião pública em função do processo - Maggi não forneceu detalhes sobre o projeto.

O aporte inicial estimado seria de R$ 50 milhões para movimentar três milhões de toneladas de grãos por ano. O produtor não revelou quem são os parceiros no terminal por confidencialidade contratual.

Maggi lembra que é possível dobrar a área plantada no Mato Grosso sem derrubar uma árvore e a tecnologia existente já permitiu que a produtividade por hectare subisse de duas toneladas para oito nos últimos anos - caso do grupo Bom Futuro, cuja receita ronda R$ 1 bilhão.

"Temos tecnologia, terras e capacidade para ser a solução para o Brasil e não um problema, como o estado é visto", disse. "Só falta resolver a infraestrutura."

Sobre o pacote de concessão de estradas e ferrovias anunciado na semana passada pela presidente Dilma Rousseff, o produtor não se mostrou otimista. "Que empresa vai investir aqui?".

"Já teve caso de demorarem (governo) três anos para soltar uma licença só para asfaltar uma estrada... e depois a obra foi concluída em três meses".

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