Brasil, ainda o País do Futuro?

Publicado em
07 de Julho de 2017
compartilhe em:

Atendendo a convite que muito me honrou, fiz uma palestra no Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do ABC (Setrans) com o título acima. A solicitação dos organizadores do evento era para que eu comentasse a atual situação econômica do Brasil e, a partir daí, tecesse algumas considerações sobre o futuro do Brasil – tarefa nada fácil frente ao altíssimo grau de incerteza que caracteriza nossa realidade atual.

Tarefa impossível, complemento, pois desde meus tempos de escola primária ouço dizer “Brasil é o País do Futuro”, expressão título de um ensaio escrito pelo filósofo austríaco Stefan Zweig (1) em 1941 e que passou a ser, assim como outras frases, assumida como verdadeira para a maioria dos brasileiros da década de 60. 

Também se ouvia naquela época, “São Paulo a cidade que mais cresce no mundo”, pois a população paulistana aumentava quase exponencialmente e a industrialização acelerava a geração de empregos e a distribuição de renda. Assim como muitos, eu acreditava que estávamos caminhando rápida e objetivamente para esse “futuro esperado”. 

“Deus é brasileiro”, outra frase também muito comum até os dias de hoje, junto com as outras duas, expressavam que o Brasil, um país jovem, em crescimento, que criava oportunidades para todos e com a ajuda e proteção divina, tinha tudo para alcançar, rapidamente, um futuro próspero no qual se poderia proporcionar maior qualidade de vida para todos os brasileiros. O futuro pertencia a nós brasileiros. 

Algum tempo mais tarde, já exercendo funções executivas em médias empresas e lecionando a disciplina “Economia Brasileira” em faculdades de administração e economia, comecei a me aprofundar mais nos estudos sobre Política.

Assim como Thomas Piketty (2) eu já acreditava que “a história da distribuição da riqueza jamais deixou de ser profundamente política, o que impede sua restrição aos mecanismos puramente econômicos”. Sabe-se que uma das três principais questões que norteiam a ciência econômica é determinar a forma mais eficaz de distribuir renda, isto é, dar resposta à pergunta “para quem produzir”? As outras duas questões são: o quê e como produzir? Este entendimento me mostrou que, na história do mundo, política e a economia tiveram e têm desenvolvimento e evolução “indissociáveis”. Outro aprendizado: quase tudo o que acontece hoje é resultado do que foi feito anteriormente. 

Para analisar a história da economia mundial e seus impactos sociais, o professor Miguel Sacramento, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP/FGV), em sua tese de doutorado criou o conceito de matriz econômica – conjunto de atividades econômicas que geram o produto interno bruto de um país – e estudou o impacto socioeconômico de cada uma dessas atividades. Seu estudo demonstra que o estágio social dos diferentes países – basicamente classificados como desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos – é consequência de decisões políticas e econômicas ocorridas no passado.

O professor Sacramento constatou, em seus estudos, uma mudança radical nos principais indicadores macroeconômicos – Geração de Renda, Capacidade de Distribuir a Renda e Investimento por Posto de Trabalho – mostrando que nos séculos XIX e em boa parte do XX, as atividades produtoras de bens físicos – extrativistas, produtoras de matéria prima, commodities agrícolas e minerais, infraestrutura, bens de capital e industriais – foram as que mais contribuíram para o crescimento do PIB mundial. Exigiam pouco investimento por posto de trabalho, baixa escolaridade média e foram as grandes geradoras de emprego e distribuidoras de renda desse tempo.   

No século XXI, com o grande aumento da participação das atividades provedoras de serviços na composição do PIB mundial (comercialização, serviços e, notadamente, informação), o desempenho desses indicadores macroeconômicos mudou drasticamente. Exigindo investimentos consideravelmente menores para gerar postos de trabalho, mas demandando escolaridade média superior, essas atividades provedoras de serviços passaram a ser as principais geradoras de emprego e renda. 

Dados oficiais mostram que nos EUA, em 1860, 70% dos postos de trabalho estavam na agricultura e atualmente são menos do que 1%, sendo que apenas 16% dos postos de trabalho estão em atividades produtoras de bens físicos. A produção de bens, que em 1860 representava 80% do PIB mundial, atualmente representa menos de 15%, ficando mais de 85% para atividades provedoras de serviços. No Brasil a participação de atividades produtoras de bens no PIB está por volta de 25%.

Outra comprovação da mudança na economia mundial vem da análise das empresas consideradas mais importantes mundialmente. Em 2006, pela ordem eram: Microsoft, GE, Coca-Cola, China Mobil, Marlboro, Wal-Mart, Google, IBM, Citibank e Toyota. Em 2016, isto é, apenas 10 anos depois, segundo BrandZ, WPP e Kantar M. Brown, passaram a ser, também pela ordem: Google, Apple, Microsoft, Amazon, Facebook, AT&T, VISA e Tencent (empresa chinesa dona de aplicativo que concorre com o WhatsApp na China). Todas são empresas de tecnologia e a maioria delas não existia em 1970! Entre as vinte maiores empresas do mundo de hoje, onze não existiam naquele ano. As quatro primeiras de Wall Street são de tecnologia: Apple, Google, Microsoft e Facebook. Jamais uma empresa valeu tanto como a Apple de hoje: US$ 800 bilhões!

Segundo dados da Zenith Consultoria, publicados na revista Veja de 07.05.17, em 2016, do total de gastos mundiais em publicidade (US$ 532 bilhões), 20% foram da Google e do Facebook. Na publicidade digital, a que mais cresce, a participação das duas empresas é de 58%.

De fato, o mundo mudou e continuará mudando cada vez mais rapidamente! Segundo a ONU em 1800 o mundo tinha 1 bilhão de pessoas, atualmente é de 7,6 bilhões, devendo chegar a 8,6 bilhões em 2030, 9,8 bilhões em 2050 e 11,2 bilhões em 2100. 
Consequentemente as exigências por mais recursos, mais postos de trabalho, maior produtividade, mais infraestrutura, sistemas mais eficazes de geração e distribuição de rendas, enfim, de melhores condições de vida para todos, serão inevitáveis. E, vale ressaltar, sem comprometer ou deteriorar as condições ambientais. 

Ainda, segundo a ONU, os problemas serão agravados porque esse aumento populacional se dará principalmente nas nações mais pobres do mundo: “o grupo de 47 países mais pobres do planeta, a grande maioria na África, já apresenta um crescimento populacional rápido, de 2,4% ao ano devido à sua relativamente alta taxa de fertilidade, de 4,3 filhos por mulher entre 2010 e 2015”. Sem dúvida, esse será um desafio adicional para o cumprimento da Agenda de Desenvolvimento Sustentável da própria ONU, que preconiza a eliminação da pobreza e da fome, expansão dos sistemas de saúde e educação, igualdade de gêneros e redução da desigualdade (3). 

É fácil entender como problemas cada vez mais complexos e até mesmo mais graves, têm cada vez menos tempo para serem resolvidos: 

• Há 150 mil anos atrás a população mundial era composta de nômades, coletores e caçadores;

• Há 10 mil anos, uma população já sedentária vivia na zona rural e dependente da produção agrícola;

• Há 235 anos, com a evolução do Comércio e da Revolução Industrial, o homem urbanizou-se e passou a demandar uma infinidade de produtos;

• Há menos de 25 anos o mundo globalizou-se! 

De uma economia Feudal (século XVI), passou para uma economia Capitalista Comercial (Mercantilismo, séculos XVII e XVIII), posteriormente para uma economia Capitalista Industrial (séculos XIX e XX) chegando a uma economia Globalizada, Capitalista, Financeira e Tecnológica, na qual a tecnologia da informação, a internet, a biotecnologia e a conectividade se fazem presentes de maneira fundamental.

Essa evolução também ocorreu na Política. Do poder centralizado (Absolutismo), no qual os governos eram sempre muito fortes, passou-se para um poder mais compartilhado, com participação mais ativa da população (Democracia) e gradual fortalecimento da sociedade. Atualmente, e sem qualquer dúvida, é muito menor o poder dos Estados para executar suas políticas econômicas.

É evidente que o Brasil, a partir do século XVI, direta ou indiretamente também começou a fazer parte dessas transformações e a refletir o que acontecia no mundo. De Colonia portuguesa a Império (esta última fase conhecida como semicolonial) e até a República, o Brasil teve sua economia desenvolvida em fazes: de um modelo conhecido como ‘exploração comercial capitalista’ (exploração da madeira, peles, cana-de-açúcar e minérios, todos com destino a Portugal) passou, a partir de meados do século XIX para uma economia mais aberta (modêlo primário exportador), na qual as atividades preponderantes ainda eram a exportação de produtos básicos (4), só que agora para diversos países. Mais tarde, na década de trinta do século XX, o Brasil ingressou de forma mais concreta na era da industrialização, através de uma fase conhecida como “modelo de substituição de importações” (5). No final do século XX e início do século XXI, e já fazendo parte do mundo globalizado, teve em sua indústria, uma das bases na modernização da economia e de fundamental importancia nas exportações brasileiras (6). 

Como consequência o produto interno bruto aumentou a taxas crescentes (7), pelo menos até a década de 80, e a participação de cada um dos setores de produção, nesses totais, também teve modificações significativas. Em 1900 a produção agrícola era 45% do PIB brasileiro, a indústria respondia por 12% e o setor de serviços pelos 43% restantes. No ano 2000 temos, respectivamente, 5%, 27% e 68%. Como se vê, com diminuição forte do setor agrícola e um razoável aumento do setor industrial, o setor de serviços foi o que mais passou a contribuir na formação do PIB.  

Se o Brasil rural tinha como uma de suas caracterizavas, mão de obra de baixa produtividade e uma população com baixa renda, a partir do processo de industrialização, com a incorporação de contigentes cada vez maiores de mão de obra na indústria (inicialmente de bens de consumo, mais tarde de bens de consumo duráveis e depois de bens de capital, incluindo a indústria de base) e na prestação de serviços, a produtividade passou a ser maior e o aumento da renda, para esses setores, também aumentou. Um problema colateral evidente foi o aumento da desigualdade, pois pessoas e regiões envolvidas diretamente no processo de industrialização passaram a ter rendas melhores. 

A sociedade brasileira também mudou muito. Segundo dados do IBGE, enquanto nos anos 40, apenas 31,3% da população brasileira viviam no setor urbano, em 2000 esse percentual chegou aos 81,2% e em 2010, 84,4%.

O Brasil, definitivamente, refletia e participava das grandes mudanças mundiais e era conduzido, dentro de suas possibilidades, para uma economia com três setores de produção bastante modernos: (a) uma indústria pujante, moderna e em rápido desenvolvimento; (b) um setor de serviços que se sofisticava celeremente e desempenhava atividades cada vez mais complexas e com intensidade tecnológica crescente; (c) um setor agropecuário/extrativista que, além de manter suas históricas qualidades ‘vocacionais’ e naturais, tornava-se cada vez mais competitivo, na medida em que alcançava altíssimos ganhos de produtividade, oriundos da introdução de novas técnicas produtivas e utilização de equipamentos e insumos modernos.

Esse novo Brasil, do início do século XXI, encantou a todos e passou a fazer parte das capas de revistas importantes em todo o mundo e o “Brasil, País do Futuro” parecia estar cada vez mais próximo. Pela primeira vez em toda a sua história, seria liderado por um governo socialista, teria um mandatário que era um fiel representante da população, oriundo das classes trabalhadoras e de um partido político que jamais havia feito parte dos chamados ‘partidos tradicionais’.

Com o novo governo herdando um país economicamente estabilizado, com inflação controlada, com importantes reformas realizadas (Plano Real, reestruturação do sistema financeiro e lei de responsabilidade fiscal, por exemplo) e aproveitando-se da boa situação da economia mundial, na qual os preços das ‘commodities’ alcançaram valores extremamente favoráveis e tendo a China como principal importadora, o Brasil foi bem e fez sua economia crescer. O governo do presidente Lula, mais especificamente, ampliou os programas sociais e passou a atender uma parte da população brasileira que, até então, estava razoavelmente excluída dos processos de desenvolvimento pelos quais passava o País. Parecia que o Brasil, finalmente, estava na direção do “futuro promissor”.

Com o aumento dos postos de trabalho, aumento do salário mínimo, dos programas de benefícios implantados, a melhoria na distribuição de renda foi consequência automática. Com algumas políticas específicas, desoneração de impostos para alguns produtos básicos de consumo, diminuição das taxas de juros e aumento do crédito, o gasto familiar aumentou de forma significativa e fez com que milhões de brasileiros começassem a sair da miséria absoluta e passassem a almejar posições na classe média, que aumentou substancialmente.

Infelizmente esse ‘progresso’, aliado a um clima político favorável, sem oposição de outros partidos políticos, tampouco da maioria da sociedade civil (8), tornava impossível fazer uma leitura correta do que estava realmente acontecendo com o Brasil. Posteriormente descobriu-se que essa tranquilidade política, além da melhoria da distribuição de renda e de estímulo aos programas sociais, era oriunda, principalmente, do maior esquema de corrupção e compra de apoio de toda a história brasileira (até então), denominado Mensalão.

Ao final do primeiro mandado do presidente Lula, com o Mensalão ainda em andamento, mesmo fazendo escolhas equivocadas e adotando políticas contrárias à modernização e ao aumento da produtividade ou à inserção do Brasil no mundo desenvolvido, através de política de comércio exterior totalmente equivocada (9), era difícil fazer comentários contrários ao governo ou alertas quanto ao futuro. E assim o presidente Lula se reelegeu e ainda fez o seu sucessor, mantendo o governo petista por quatorze anos.

Como escrito pelo Editorial do Estadão do último dia 25: “A crise política, econômica, social e moral que tanto abate o ânimo dos brasileiros começou com o Sr. Lula da Silva, com a apropriação da administração federal, de alto a baixo, para fins partidários. Foi na chegada do PT ao governo federal, há mais de uma década, portanto, que o cumprimento da lei, o interesse público e o respeito às instituições perderam relevância na tomada de decisões”.

Hoje, vendo a indústria nacional em condições dificílimas, em alguns casos sem competitividade até mesmo para concorrer no mercado nacional, vendo nossas exportações voltando ao tempo de Colônia, com participação cada vez maior de produtos primários (10), vendo que na balança comercial o desempenho de produtos de alta e média-alta tecnologia, que geravam déficit de US$ 21,1 bilhões em 1997 e reduzido para US$ 7,2 bilhões em 2005, voltaram a piorar em 2013, gerando déficit de 90,3 bilhões de dólares, vendo que a participação da produção industrial, na composição do PIB de 2016 foi somente de 21%, contra 29% obtidos em 1990, vendo que os investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento (11) são baixíssimos se comparados com países desenvolvidos e em desenvolvimento, que os baixos níveis educacional e profissional da população geram impactos cada vez mais negativos nos processos de inovação (12) e de produtividade e estes, por sua vez, geram problemas na empregabilidade e na distribuição de rendas (13), chegamos à conclusão que, de fato, o Brasil “andou para trás”. 

Deus deixou de ser brasileiro e o futuro do Brasil, como um país melhor, ficou de fato mais distante, ou seria um ‘sinal divino’ para que acordemos? Para que participemos mais e acreditemos, que chegar a um futuro melhor somente é possível se todos nós, no presente, fizermos nossa parte e melhorarmos nossas escolhas? Ou continuaremos acreditando em salvadores da Pátria?

Não há dúvidas que nem tudo é ruim e o pior que podemos fazer é acreditar que tudo está errado e que tudo precisa ser mudado. Mas isto será tema para o próximo texto. 


(1) Filósofo austríaco, de origem judaica, Stefan Sweig, em sua primeira viagem ao Brasil, entre 1940 e 1941, reuniu suas anotações pessoais e finalizou o ensaio "Brasil, país do futuro” nascido em Viena, no dia 28 de novembro de 1881, morreu em Petrópolis dia 23 de fevereiro de 1942. Ele foi escritor, romancista, poeta, dramaturgo, jornalista e biógrafo. A partir da década de 1920 e até sua morte foi um dos escritores mais famosos e vendidos do mundo. Suicidou-se durante seu exílio no Brasil, deprimido com a expansão da barbárie nazista pela Europa, durante a Segunda Guerra Mundial.

(2) “O Capital no Século XXI” de Thomas Piketty, publicado pela Intrínsica em 2014. Uma das conclusões de Piketty é a de que “a evolução dinâmica de uma economia de mercado e de propriedade privada, deixada à sua própria sorte, contém forças de convergência importantes, ligadas sobretudo à difusão do conhecimento e das qualificações, mas também forças de divergências vigorosas e potencialmente ameaçadoras para nossas sociedades democráticas e para os valores de justiça social sobre os quais elas se fundem”;

(3) Este assunto foi comentado por mim em texto escrito aqui mesmo no Portal Guia do TRC no dia 18.10.16 (“Desenvolvimento Sustentável e Investimentos em Logística: tudo a ver”). Essa agenda ficou conhecida como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). À semelhança do que já havia feito em 2000, quando foram propostos os Objetivos do Milênio, a ONU lançou, em setembro do ano passado, uma agenda de trabalho que prevê, para os próximos 15 anos, como única e resumida finalidade, “propiciar padrões de vida adequados aos habitantes do planeta, de forma sustentável e com direitos iguais para todas as pessoas”. Essa agenda, em seus 17 grandes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) está subdividida em 169 metas principais.

(4) Brasil como país primário exportador, entre 1821 e 1830, por exemplo, tinha 84,6% de suas exportações compostas por produtos básicos. O açúcar era o principal item, com 32,2%, seguido pelo algodão (19,9%), café (18,6%), pelos e couros (13,8%) e borracha (0,1%). Entre 1831 e 1890 os principais itens de exportação eram: café, açúcar, algodão, couros e peles, borracha e cacau. Os produtos primários chegaram ao ápice das exportações na última década do século XIX (1891 e 1900) quando do total da pauta exportadora obteve 90,3%, sendo o café, com quase 64%, o principal produto. Seguiam-se a borracha (15,8%), açúcar (5,7%), e algodão e peles e couros, ambos com 2,48%. Ainda na década que compreendeu os anos de 1941 a 1950, as exportações de produtos primários eram significativas: 62,5% do total, segundo dados históricos do MDIC. Ainda nesta década o café, agora com 46,1% era o produto mais importante, seguido pelo algodão, peles e couros, borracha e açúcar. 

(5) Considerando o ano de 1929, como ano base, igual a 100, o nível de industrialização do Brasil em 1938 era igual a 193, isto é, em sete anos aumentou cerca de 93%, segundo dados de Francisco B.B. Magalhães em seu livro “História Econômica” (Sugestões Literárias, 1981). As exportações de produtos manufaturados em 1938 eram equivalentes apenas a 0,4% do total. Nos anos 70 a Indústria brasileira era moderna e exportava bastante seus produtos, crescendo a 15% ao ano, quando comparadas com as exportações mundiais. Chegou a 57,5% do total das exportações no ano de 1984, enquanto os produtos básicos representavam apenas 28,3%. No ano 2000 as exportações de manufaturados chegaram a 58,2% e os produtos primários alcançaram 27,6%, segundo dados do MDIC (Ministério da Indústria e do Comércio Exterior e Serviços.

(6) Participações do setor industrial na formação do produto interno bruto brasileiro: de 12% em 1900, chegou a 29% em 1990 e iniciou um período de queda: 27% em 1995 e 21,2% em 2016. As exportações industriais, que em 1984 alcançaram 57,5%, em 1997, 54,8% e em 2000, 58,2%, começaram a declinar a partir daí.

(7) O produto interno bruto brasileiro, que até a década de 40 crescia a taxas pequenas, na década de 1950, em média anual, cresceu 7,4%, na década de 60, a 6,2%, na década de 70 a 8,6%, na década de 80, em fáce da primeira crise mundial do petróleo, cresceu apenas 1,6%, na década de 90, 2,5%, na década de 2000, 3,8% e na década de 2010 (até 2016), apenas 1,7%. 

(8) A maioria dos setores produtivos se beneficiou desse crescimento e, portanto, não tinha quaisquer motivos para contestar o governo petista. Além disso, como todos nós sabemos agora, os diversos crimes de corrupção cometidos, desvendados pelo Mensalão ou pela Operação Lava Jato, tiveram a participação significativa de políticos, executivos de grandes empresas, de representantes dos principais sindicatos e dos movimentos populares, que em conluio, aproveitaram-se o quanto puderam do poder. Ainda em investigação, sabe-se que foram muito os ‘favores’ e as ‘benesses’ proporcionadas pelo governo para aqueles que o apoiavam. Através de medidas provisórias específicas, de políticas direcionadas, de empréstimos amigáveis, criadas para favorecer os chamados “campeões nacionais” e favorecer os amigos ou de corrupção pura e simples, ficava cada vez mais difícil a existência de oposição;
(9) Além de gastar energia inutilmente, como aquele de obter vaga no Conselho de Segurança Nacional da ONU, mas ao mesmo tempo não se interessar em ser integrante da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil, além de ficar preso ao Mercosul, deu demasiada ênfase as relações econômicas com países Africanos e outros chamados de “bolivarianos”. O resultado disso, segundo informações da Secretaria de Assuntos Estratégicos do Governo Federal, é que, enquanto o Chile já assinou 20 acordos comerciais, incluindo os EUA, a Comunidade Europeia e a China, o Brasil assinou somente três acordos (Israel, Egito e Autoridade Palestina) e acumulou uma série de créditos ‘podres’ no BNDES; 

(10) Segundo dados do Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), a exportação de produtos industriais, crescente desde o início da industrialização no País, começou, a diminuir sua participação a partir do ano 2000: de 58,2% em 2000, passou a 51,6% em 2005, 36,7% em 2010 e em 2017 (até maio), apenas a 34,8%. Enquanto isso, as exportações de produtos primários, nesses mesmos anos, foram, respectivamente, 27,6%, 34,2%, 49,1% e 51,1%!

(11) Em 2011, enquanto Israel aplicava o equivalente a 4,4% do seu PIB em P&D, o Brasil aplicava 1,2%. Coréia do Sul, 3,7%, Japão, 3,4%, EUA, 2,9%, Alemanha, 2,8% e França, 2,3%.

(12) No Índice Global de Inovação de 2017, no qual foram analisados 130 países, o Brasil ficou na 69ª posição. Esse índice é elaborado pela Universidade de Cornell, Insead (Escola de Administração) e a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi).

(13) Em editorial da última sexta-feira, que trata da Inovação, O Globo diz que “O chavão que designa o Brasil uma “terra de contrastes” infelizmente pode ser constatado em incontáveis aspectos da vida nacional. Seja na renda, má distribuída muito devido ao descaso do Estado com a educação do povo (grifos meus); sejam nos centros de excelência em vários campos convivendo com a baixa qualificação da mão de obra etc”.

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.