DONOS DE CARRETA QUE CAUSOU TRAGÉDIA NA BR-101, NO ES, SÃO INDICIADOS POR 23 HOMICÍDIOS E DELEGADO PEDE PRISÃO

Publicado em
16 de Novembro de 2017
compartilhe em:

De acordo com a polícia, mesmo durante as investigações, eles continuaram obrigando funcionários a transportarem excesso de carga, aliciaram testemunhas e subornaram agentes.


Por G1 ES *

14/11/2017 18h48  Atualizado 14/11/2017 18h48

 

Acidente envolvendo duas ambulâncias, uma carreta e um ônibus deixa 15 mortos e vários feridos no km 343 da BR-101, em Guarapari, Grande Vitória (ES), na manhã desta quinta-feira (22). As duas ambulâncias seguiam atrás do coletivo e também foram atingidas (Foto: JEFFERSON ROCIO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)Acidente envolvendo duas ambulâncias, uma carreta e um ônibus deixa 15 mortos e vários feridos no km 343 da BR-101, em Guarapari, Grande Vitória (ES), na manhã desta quinta-feira (22). As duas ambulâncias seguiam atrás do coletivo e também foram atingidas (Foto: JEFFERSON ROCIO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

Acidente envolvendo duas ambulâncias, uma carreta e um ônibus deixa 15 mortos e vários feridos no km 343 da BR-101, em Guarapari, Grande Vitória (ES), na manhã desta quinta-feira (22). As duas ambulâncias seguiam atrás do coletivo e também foram atingidas (Foto: JEFFERSON ROCIO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

O inquérito policial que investiga a tragédia na BR-101, que deixou 23 pessoas mortas em junho deste ano, em Guarapari, foi concluído nesta terça-feira (14).

O delegado Alberto Roque Peres disse que Leocir Braz Pretti e Jacimar Pretti foram indiciados por 23 homicídios dolosos, qualificados pelo motivo torpe, por 18 tentativas de homicídio qualificado e pelos crimes de aliciamento de testemunha e coação no curso do processo. A prisão preventiva deles já foi solicitada pela polícia. Somadas, as penas podem chegar a até 54 anos de reclusão.

De acordo com a polícia, mesmo após o grave acidente, durante as investigações, eles continuaram obrigando funcionários a transportarem excesso de carga, aliciaram testemunhas e até subornaram agentes de fiscalização de trânsito.

tragédia na BR-101 aconteceu após a colisão entre uma carreta, que transportava uma pedra de granito, um ônibus de viagem e duas ambulâncias, no início da manhã do dia 22 de junho.

Após o acidente, várias irregularidades foram constatadas na carreta, entre elas, o transporte de excesso de carga e pneus carecas. Leocir e Jacimar, donos da empresa responsável pelo veículo, chegaram a ser presos no fim de agosto, mas foram soltos depois.

 

Jacimar Pretti, de 63 anos, um dos donos da Jamarle Transportes, quando foi preso pela primeira vez (Foto: Guilherme Ferrari/ A Gazeta)Jacimar Pretti, de 63 anos, um dos donos da Jamarle Transportes, quando foi preso pela primeira vez (Foto: Guilherme Ferrari/ A Gazeta)

Jacimar Pretti, de 63 anos, um dos donos da Jamarle Transportes, quando foi preso pela primeira vez (Foto: Guilherme Ferrari/ A Gazeta)

Segundo as investigações, eles tinham ciência que a carreta que causou o acidente era inapropriada para o transporte daquela carga.

“A pedreira não iria liberar [o transporte], porém havia sido feito o carregamento da pedra. Como era no final do expediente, não havia como fazer a retirada da pedra da carreta, por questões de segurança. Então foi combinado que seria feito isso no dia seguinte pela manhã. Mas o Leocir determinou que o motorista fizesse o transporte, independente dessa informação”, explicou o delegado.

De acordo com a polícia, enquanto soltos, eles tentaram atrapalhar as investigações e continuaram com as irregularidades no transporte de cargas.

“Mesmo depois dessa grande tragédia, os indiciados continuaram com as mesmas condutas, continuaram oferecendo dinheiro a agentes de fiscalização de trânsito, obrigando funcionários a trabalhar com carga excessiva de horário, excesso de peso, mostrando total desprezo a vida humana só por um motivo: ganância”, disse o delegado.

A investigação também flagrou ligações telefônicas em que eram autorizados pagamentos de suborno dos funcionários da transportadora para que as cargas fossem liberadas.

Peres destacou, ainda, que, após o acidente, a propina oferecida aos agentes de fiscalização aumentou. “Pelos áudios, pelos depoimentos dos motoristas, era uma prática tão comum, que houve uma inflação, de um valor de R$ 50, pago em Minas Gerais, passou a R$ 200 depois da tragédia”, disse.

Ainda segundo delegado, a prisão preventiva dos irmãos foi pedida porque, soltos, eles riscos para a sociedade.

“Houve ameaça a uma testemunha e aliciamento, oferecimento de vantagem indevida para que essas pessoas mentissem no processo. Isso é um risco muito grande para a instrução processual mais a frente com os dois em liberdade. Eles pouco se importaram com a vida alheia, vão continuar cometendo as mesmas irregularidades”, finalizou o delegado.

 
Pedra se soltou da carreta em acidente na BR-101 em Guarapari (Foto: Ari Melo/ TV Gazeta)Pedra se soltou da carreta em acidente na BR-101 em Guarapari (Foto: Ari Melo/ TV Gazeta)

Pedra se soltou da carreta em acidente na BR-101 em Guarapari (Foto: Ari Melo/ TV Gazeta)

* Com informações de Fábio Linhares, da TV Gazeta.

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.