No mundo de 2010

Apresentado em 1999, o caminhão-conceito da Scania foi desenvolvido para diminuir o número de caminhões pelas estradas da Europa

por IVANIL ANTONIO
de LONDRES

Um dos conceitos mais interessantes para o caminhão do futuro foi apresentado pela Scania, há dois anos, em um seminário que discutiu a segurança nas estradas realizado na Bélgica. O caminhão-conceito, apresentado como um protótipo para o ano de 2010, tem como principal objetivo ampliar a capacidade de carga, para reduzir o congestionamento nas estradas européias. O conceito também se caracteriza por soluções aerodinâmicas arrojadas e numerosas inovações, particularmente em tópicos importantes, como segurança, eficiência e redução do impacto ambiental.

Idealizado para puxar comboios de no máximo 28 metros, com capacidade total para 60 toneladas, outra de suas características é um aumento de cerca de 50% na capacidade de carga, além de uma redução de cerca de 20% a 25% no consumo de combustível e nas emissões de poluentes por tonelada , se comparado a um modelo atual de sua categoria.

A combinação apresentada, de oito eixos, traz quatro eixos direcionais, garantindo uma excelente maneabilidade, só encontrada em caminhões de menor porte. O semi-reboque é ligado através de um dolly. A cabine, montada em uma posição ligeiramente retraída, ajuda a reduzir o fluxo de ar na parte dianteira, ao mesmo tempo em que atenua os riscos no caso de um impacto frontal.

Modernidade – No geral, a aerodinâmica do caminhão-conceito é muito avançada. O corpo do veículo foi otimizado na dianteira, na traseira e em suas laterais, para baixar o coeficente de arrasto ao nível de um carros de passeio.

A composição apresenta peso bruto técnico de 60 toneladas

A cabine explora a altura total do veículo, não deixando nenhuma abertura entre o ela e a parte superior do reboque, usando defletores de ar para construir uma “ponte aerodinâmia” sobre a cabine. Os pneus também apresentam saias laterais em toda a extensão da composição, otimizando a aerodinâmica e a segurança, ao impedir que outros veículos deslizem por baixo do caminhão em um impacto lateral. As rodas cobertas em todos os oito eixos também reduzem as turbulências e os “espirros” em pista molhada.

Os testes em túnel-de-vento mostraram que as melhorias aerodinâmicas reduzem o arrasto do ar para a combinação inteira em mais de 10%, um avanço que corresponde, teoricamente, à economia de combustível obtida talvez apenas em uma década da pesquisa.

Menos impacto – O rodado simples compõe uma parte importante do projeto. Com o apoio da Michelin, um novo tipo de pneu foi desenvolvido: a mesma dimensão é usada para todos os eixos, diminuindo a resistência do piso e o peso do conjunto.

Trabalhando com materiais mais leves, como o alumínio, o peso pode ser ainda mais reduzido. De acordo com os técnicos da Scania, supondo um aumento de 50% na capacidade da carga - pelo volume ou pelo peso - o número dos caminhões usados para determinadas operações de transporte pode ser reduzido até um terço, ajudando a reduzir os congestionamentos nas estradas européias.

Na época em que o caminhão conceito foi apresentado (1999), os estudos em torno da movimentação de cargas apontavam para um crescimento em torno de 50% no uso do transporte rodoviário na Europa até 2010. A competição no segmento, cada vez mais acirrada, também indicava que cada veículo deveria ser colocado em máxima utilização, trabalhando praticamente sem paradas. Claro que tudo isso levava a conclusões nada animadoras sobre o volume de tráfego em algumas regiões da Europa. E também a fornecer motivos de sobra para que o protótipo desenvolvido pela Scania não fique apenas no papel.